quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

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Atlândida 1
Pintura de Luís Tavares
Colecção particular

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Somos sonhados. Isso parece-me plausível. Por quê? Por quem? Não me parecem perguntas importantes...



Mas que estamos nalgum lugar que nos sonha já aceito melhor.



E como o sonho é sempre reportável, o que nos sonha também é sonhado.


















«Os seres humanos não são objectos; não têm solidez. São seres redondos, luminosos; são limitados. O mundo dos objectos e da solidez é somente uma descrição que foi criada para ajudá-los a tornar mais cómoda sua passagem sobre esta terra.» p.145




«A razão deles os faz esquecer que a descrição é apenas uma descrição e, antes que percebam, os seres humanos encerram a totalidade de si mesmos num círculo vicioso do qual eles raramente emergem durante a sua vida.» p.146




«Os seres humanos são percebedores, mas o mundo que percebem é uma ilusão: uma ilusão criada pela descrição que lhes foi ensinada desde o momento que nasceram.


Assim, em essência, o mundo que a razão deles quer sustentar é o mundo criado por uma descrição e suas regras dogmáticas e invioláveis, que a razão deles aprende a aceitar e a defender». p.147




Carlos Castaneda, Porta para o Infinito.









Vou supor o que poderia Castaneda responder perante a alguém que pretendesse refutar a sua tese voltando-a contra si própria.



Por exemplo:






Interlocutor X: O senhor pretende afastar-se duma perspectiva teórica da «descrição». E no entanto, nessa tomada de posição de afastamento o senhor não deixa de descrever ao refutar a «descrição».






Responderia:






Castaneda: Sim, mas não debaixo da descrição que você faz disto; quer dizer, disto que eu descrevo.

transferido dum post 25/05/2008

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