domingo, 3 de julho de 2011

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"Assim todas as coisas inspiram e expiram. Todos são providos de canais de carne, pobres de sangue, sobre toda a superfície do corpo; e em suas extremidades, a superfície extrema da pele é perfurada por muitos poros, de modo a reterem o sangue, permitindo contudo a livre passagem do ar. E quando o fino sangue se afasta (dos poros), penetra neles impetuosamente o ar, para deles ser expirado novamente quando o sangue retorna; assim como quando uma menina brinca com uma clepsidra de brilhante cobre: enquanto conservar sua graciosa mão sobre a boca (da clepsidra) e mergulhá-la no macio corpo da água prateada, não entrará água no vasilhame, pois o peso do ar comprimido contra os estreitos orifícios o impedirá, até que (a moça) liberte a corrente de ar comprimida; então, deixa o ar um espaço vazio, que é ocupado em igual medida pela água. Assim também, quando a água encher por completo o corpo (da vasilha) de cobre, enquanto o pescoço e a boca permanecem fechados pela pele humana, - o ar exterior, que procura entrar, reprime a água, pela pressão em sua superfície, junto à entrada da boca, que deixa ouvir um som borbulhante, até que (a moça) retire a sua mão; então, ao contrário do que acontecia antes, o ar se precipita ao interior, , e um correspondente de água escapa para lhe fazer lugar. da mesma forma o tênue sangue, que percorre as veias, refluindo para o interior, precipita abundantemente a corrente de ar; mas quando, ao contrário, o sangue retorna, o ar é expirado em correspondente quantidade."

Empédocles, Fragmento 100, do poema Sobre a Natureza (Peri Physeus)
in Aristóteles, de respiratione , 7, 473 b 9
Versão de Gerd A. Bornheim, Os Filósofos Pré-Socráticos, São Paulo, Editora Cultrix, 1977


"So do all things inhale and exhale: there are bloodless channels in the flesh of them all, stretched over their bodies' surface, and at the mouths of these channels the outermost surface of skin is pierced right through with many pore, so that the blood is kept in but an easy path is cut for the air to pass through. Then, when the fluid blood rushes away thence, the bubbling air rushes in with violent surge; and when the blood leaps up, the air is breathed out again, just as when a girl plays with a klepsydra of gleaming brass. When she puts the mouth of the pipe against her shapely hand and dips it into the fluid mass of shining water, no liquid enters the vessel, but the bulk of the air within, pressing upon the frequent perforations, holds it back until she uncovers the dense stream; but then, as the air yelds, an equal bulk of waters enters. In just the same way, when water occupies the dephts of the brazen vessel and the passage of its mouth is blocked by human hand, the air outside, striving inwards, holds the water back, holding its surface firm at the gates of the ill-sounding neck until she lets go with her hand; and then again ( the reverse of what happened before), as the breath rushes in, an equal bulk of water runs out before it. And in just the same way, when the fluid blood surging through the limbs rushes backwards and inwards, straightway a stream of air comoes in with swift surge; but when the blood leaps up again, an equal quantity of air is again breathed back."

Empedocles, fr. 100, On Nature poem
Aristotle de respiratione 7, 473 b9
versão em inglês
in G.S. Kirk, & J.E. Raven, The Presocratic Philosophers, London, Cambridge University Press, 1975, p.341


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segunda-feira, 18 de abril de 2011

" Vou contar uma dupla história: de uma vez cresceu para ser um só a partir de muitos, de outra, dividiu-se de novo para ser muitos a partir de um. Há um duplo nascimento das coisas mortais e um duplo deixar de existir. Um é gerado e depois destruído, pela junção de todas as coisas, o outro cresce e é espalhado à medida que as coisas de novo se dividem. E estas coisas nunca cessam o seu mover contínuo, ora convergindo num todo, graças ao Amor, ora cada uma separada das outras pela Discórdia. (Assim, na medida em que aprenderam a fazer-se num a partir de muitos) e de novo, quando esse um está separado, são uma vez mais muitos, assim nascem e não têm vida duradoura; mas, na medida em que nunca cessam a intermutação contínua de lugares, nessa medida eles são sempre imutáveis no ciclo."

Empédocles, Fr.17, 1-13, in Simplício, Phys., 158,1*



"A double tale will I tell: at one time it grew to be one only from many, at another it divided again to be many from one. There is a double coming into being of mortal things and a double passing away. One is brought about, and again destroyed, by the coming together of all things, the other grow up and is scattered as things are again divided. And these things never cease from continual shifting, at one time all coming together, through Love, into one, at another each born apart from the others through Strife. (So, in so far as they have learnt to grow into one from many,) and again, when the one is sundered, are once more many, thus far they come into come into being and they have no lasting life; but in so far as they never cease from continual interchange of places, thus far are they ever changeless in the cycle."

Fr. 17, 1-13, Simplicius Phys. 158, 1

" Mas anda, atenta nas minhas palavras; pois aprender aumenta a sageza. Como disse anteriormente, quando declarei os limites das minhas palavras, vou contar uma dupla história: de uma vez, cresceu para ser um só a partir de muitos, doutra, dividiu-se outra vez para ser muitos a partir de um, o fogo e a água e a terra e a vasta altura do ar, e também a discórdia temível separada destes, em toda a parte igualmente equilibrada, e o amor no meio deles, igual em comprimento e largura. Para ele olha com o espírito e não fiques com os olhos ofuscados; pois ele é reconhecido como inato nos membros imortais; por ele são eles capazes de pensamentos bons e de praticar obras de concórdia, dando-lhe o nome de Alegria e a Afrodite. Nenhum homem mortal o conhece, quando ele rodopia no meio dos outros; mas presta atenção à ordenação do meu discurso que não engana. Pois todos estes são iguais e de idade igual, mas cada um tem uma prerrogativa diferente e o seu próprio carácter, e prevalece cada um, por sua vez, à medida que o tempo gira. E além destes, nada mais se gera nem cessa existir; porque se estivessem a ser continuamente destruídos, já não existiriam; e o que poderia aumentar este todo e de onde poderia vir? E como poderiam estas coisas perecer também, visto que nada está vazio delas? Não, há somente estas coisas, e correndo umas pelas outras, elas tornam-se umas vezes isto, outras aquilo, e permanecem, contudo, sempre como são."

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Empédocles, Fr.17, v.14, in Simplício, Phys., 158, 13 (continuação de Fr.17, 1-13)

Trad.: Op.cit.

*Trad.: Kirk e Raven, Os Filósofos Pré-Socráticos, trad. C.A.L. Fonseca, B.R. Barbosa, M.A.Pegado, Gulbenkian, Lisboa.



"But come, hearken to my words; for learning increaseth wisdom. As I said before when I declared the limits of my words, a double tale will I tell: at one time is grew to be one only from many, at another it divided again to be many from one, fire and water and earth and the vast height of air, dread Strife too, apart from these, everywhere equally balanced, and Love in their midst, equal in lenght and breadth. On her to thou gaze with the mind, and sit not with dazed eyes; for she is recognized as inborn in mortal limbs; by her they think kind thoughts and do the works of concord, calling her Joy by name and Aphrodite. Her does no mortal man know as she whirls around amid the others; but do thou pay heed to the undeceitful ordering of my discourse. For all these are equal, and of like age, but each has a different prerogatif and its own character, and in turn they prevail as time comes round. And besides these nothing else comes into being nor ceases to be; for if they were continually being destroyed, they would no longer be; and what could increase this whole, and whence could it come? And how could these things perish too, since nothing is empty of them? Nay, there are these things alone, and running through one another they become now this and now that and yet remain ever as they are."


Fr.17, 1. 14, Simplicius Phys. 158,13 (continuing Fr. 1. 17, 1-13)

Kirk, G.S., & Raven, J.E., The Presocratic Philosophers, University Press, Cambridge, 1975.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

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"O vocábulo chinês que significa a palavra, o sinal sonoro ou escrito, o nome, é o mesmo que serve para designar a própria vida ou destino: ming [falta aqui representar o pictograma; desconhecemos os passos necessários]. A vida, assinalada pelo seu destino, marcada no seu começo e no seu fim, numa palavra, com os seus signos próprios, é uma cifra, uma letra, ou um sinal, tal como, por outro lado, os sinais têm também a sua vida. Quererá isto dizer a equação segundo a qual não haverá vida sem sinal, ou sinal sem vida? O sentido arquetípico desta designação parece adensar ainda mais o sentido organicista e funcional de uma linguagem em que nada se pode definir de modo absoluto e estático, porque absoluta só é a relação e o dinamismo global. O dizer - yen (1), como um 'mostrar', a acção da boca e o gesto ostensivo, refere o poder da própria palavra no sentido da invocação eficaz, ou seja, do estatuto mágico segundo o qual saber o nome é ter poder sobre a coisa, ou melhor, realizá-la.



Independentemente da arte de tcheng ming, isto é, de 'correcta designação', assimilável à recta ratio do moderno pensamento europeu, o que importa sublinhar é o lugar vital, ritual, ou a ordem dinâmica em que se situa a linguagem como intermédio entre a abstracção do ser material estático, e a abstracção da imóvel ordem da idealidade.



Aquém ou além do excessivo, ming é a medida do que pode e deve ser dito, tal como é ainda possível reconstituir nos radicais do seu símbolo gráfico. Ming é um carácter formado pela justaposição dos sinais da boca e da tarde, isto é, do chamamento invocado por essa abertura da boca, e do crepúsculo que separa o dia da noite, representado pelo grafismo da Lua que se começa a ver emergindo no horizonte. Na penumbra do momento, assim assinalado, é necessário o nome como o chamamento que identifica alguém, ou seja, é necessário dizer-se o nome para ser conhecido, não havendo já luz para se ver, sem nome, nem ainda treva que não permita reconhecer a quem o nome pertence ou é dado. Reputa-se de grande importância este carácter médio, esta condição 'penumbrática' do nome dos signos da língua chinesa, pois, recuperando ainda a tradição arqueológica acerca da origem destes signos, encontra-se no nó (fu), o momento médio das duas pontas da corda, sendo o signo, a um tempo, coalescente e diferencial. Mas esta condição do significar torna-se ainda mais óbvia se se recordar a legendária criação dos kua ou trigramas Fo-Hi, depois deste sábio e santo homem ter, segundo a tradição, examinado o Céu e a Terra, e procurado, enfim, a natureza de coisas médias.




O âmbito expressivo do signo no seu grafismo parece implicar o recorte espacial, a delimitação de uma área onde ainda se veja claro. É curiosa a comparação, sobre este aspecto, do grafismo chinês, com alguns ideogramas da civilização Maya, pois, naqueles que implicam o sentido da «palavra» encontra-se o sinal gráfico de uma cercadura, ou de uma inclusão, denotando o seu significado como signo «fechado». A palavra ou o falar em maya (t'an) anda, portanto, associada à «boca», mas também à «cerca» ou «caixa» que delimita o que se diz. T'an representa deste modo um dito que se vela, mesmo quando se re-vela: ou seja, 'a palavra é sempre sagrada'»



(1) Desconhecemos as ferramentas para incluir o pictograma neste post.




Silva, C. (Carlos Henrique do Carmo Silva) (1984), "Dos Signos Primitivos: preliminares etiológicos para uma reflexão sobre a essência da linguagem" In: Análise, vol.1, nº2, 1984.


Breve comentário:
Interessantes passagens de um profundo artigo deste autor.
No entanto não me dispenso de fazer uma breve observação relativamente ao último parágrafo: Mas por que é que a 'cerca' ou a 'caixa' 'delimitam' no sentido de fechamento ("denotando o seu significado como signo fechado")? Porque não havemos de dar um sentido de abertura dessas mesmas 'cerca' ou 'caixa'? Tal como acontece com a metáfora do 'poro' ou da 'porta', p.ex., a 'cerca' e a 'caixa' também indicam o sentido de abertura a partir precisamente da sua de-limitação. É estranho que o autor não mencione este aspecto. Dá a impressão que não deu por ele...


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Depois também é interessante ver as vezes em que o termo 'tradição' é utilizado.


Aqui a questão da intermediariedade remete visivelmente para uma tradição de pensamento do plano da 'inteligibilidade', quer dizer, de uma invisibilidade que vê, ou de uma visibilidade do invisível de vertente platónica. Por isso, intermediariedade associada à anterioridade. E interioridade com tradição num pensamento do intus-legere (latim: do ver em, ver dentro; quer dizer, de um ver que se pretende ver fora e dentro - pois atravessa, no seu ver, através das aparências - mas que não deixa no entanto de se estabelecer num plano neutral, pretensamente indiferente - mas afim a uma hierarquia do real e das coisas culminando na idealidade platónica. Enfim, a inteligibilidade de um plano intermédio que acaba por recair no plano médio da neutralidade e de uma indiferença teorético-contemplativa, que se pretende do fora e do dentro. Mas nessa intermediariedade aspira a um «dentro» subjectivo radicado no sagrado, no teológico e no onto-teológico.

Daí que noutros textos o autor seja tão adepto do termo 'indiferença' e não antes do de 'diferença'. Basta ler a expressão 'coisas médias'. No seu texto sente-se a renúncia a uma inscrição da diferença que se reafirme em relação à diferencialidade neutral das «coisas médias». o 'diferencial' permanece na intermediariedade que acima analisámos.
Por outro lado, as «coisas médias» remetem neste autor claramente para a «mística», para o esotérico e para o hermetismo.


Assim, as «coisas médias» servirão para invocar a interioridade (aliada à anterioridade). Enfim, como meio para outro meio da ordem de um 'dentro'.


Talvez a compreensão da linguagem seja sempre, por mais que estejamos atentos, atravessada por um vazio de silêncio, que por vezes nos escapa, com seu modo, lugar e tempo em que se manifesta. Ao qual é preciso responder com o silêncio sem linguagem, com o desapego desta ainda através dela porque ecoando o outro silêncio, o outro vazio. Isto talvez se deva à nossa insuficiente compreensão da espiritualidade do Oriente. Porquê? Porque toda esta terminologia tende muitas vezes a acabar por se inscrever num registo espiritual ocidental.


Este comentário encontra-se em elaboração.

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sexta-feira, 1 de abril de 2011

De qualquer maneira deu coragem aos meus guerreiros




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Advertência: São feitos alguns acrescentos na narrativa para compensar a ausência de imagens, estas que são tão cruciais na sua relação ao texto.

Se a beberagem de Astérix restitui a coragem aos Bretões, uma boa notícia levanta o moral dos romanos.

"Avé, general! Caius Boi de Pisus manda dizer que a poção mágica e os gauleses que a transportavam estão no fundo do rio!"

General: Por Júpiter! é a altura de atacar!

Tocam as trombetas: tarariiiiii... tarariiiiii.....

Mais uma vez, podemos gozar o espectáculo da legião romana a fazer manobras...

"Centuriões, decuriões, legionários! Não há perigo os nossos adversários perderam simultaneamente os seus aliados gauleses e a poção!

... Em quadrado

"vencer sem perigo evita consequências...

...Em triângulo...

"Ao ataque!!!"

Astérix: Legionários! Dêem atenção. Aqui estamos e temos a poção mágica. Ainda se podem render!

... Em círculo (todos encolhidos para o centro do círculo)!

Um legionário: Conheço aquele de quando estava em aquarium, é Astérix!

Outro legionário: e se é Astérix, o seu camarada Obélix não está longe!

E outro legionário: Qual Obélix? O doido?!!?...

E outro ainda: E deram poção mágica aos Bretões!

"Acabem com isso!! Ao ataque!!!"

Obélix, da paliçada: Claro! Ataquem! Obedeçam ao vosso chefe!... Por Toutatis! Já nem há disciplina! Ao ataque se faz favor!

O chefe bretão: Vamos a eles, Astérix?

Astérix: vamos a eles!

Dois dos legionários perante a investida:

Fazem uma saída!

Entram nas nossas linhas!

Astérix: Obélix! isto não é teu! deixa passar os outros!

Obélix: Ah, isso não! Os turistas primeiro!

O chefe bretão: Hurrá, e todas as coisas mais!

Última fase da esplêndida manobra Romana: a retirada, em desordem.

Dois legionários em aflição no meio do tumulto:

Um: "Salve-se quem puder!"

Outro: "Não sei se posso mas vou experimentar!

Obélix e companhia irrompem no meio dos romanos: Tchraaaaac!!

O chefe bretão: Fogem!

Outro bretão: Vitória!

Astérix para Obélix que segura debaixo do braço um legionário estrebuchando e esperneando: Larga-o! Que lhe queres fazer mais?

Obélix: Estava a pensar acabá-lo mais trade, tranquilamente!...

Chefe bretão: Obrigado, obrigado Astérix! Graças a ti vencemos os romanos. Vou persegui-los e libertar toda Bretanha!

Astérix: Sabe, o que beberam não era a poção mágica...

Obélix, entretanto, assobiando, dá uma leve tapa na tola do legionário o qual sai disparado como uma rolha de garrafa, com uma expressão característica daquelas burlescas situações no canto do quadradinho.

Chefe bretão: Desconfiava... de qualquer maneira deu coragem aos meus guerreiros. Quando chegares à tua aldeia, manda-me mais ervas. farei dito a nacional bebida [o chá]!


Astérix e os Bretões, texto de Goscinny, desenhos de Uderzo
Uma aventura de Astérix o gaulês

terça-feira, 22 de março de 2011

Um homem tão rápido como eu não podia ser senão outro eu




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(...)

Lucky Luke deparando-se surpreendido com o seu reflexo num espelho na penumbra da casa de um rancho assombrado.

Lucky Luke: “Há aqui gente!”. Pam! (dispara no espelho)

Dziing (o espelho estilhaça-se).

Lucky Luke: “Um espelho”.

Lucky Luke volta-se para o leitor: “Um homem tão rápido como eu não podia ser senão outro eu.”


(...)


In: O rancho maldito, por Facha – J. Léturgie – Claude Guy Louïs.


Lucky Luke: “O homem que atira mais rápido que a sua sombra”.


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domingo, 20 de março de 2011

É tão vesgo que é incapaz de entrar por uma janela : como vê duas, entra na do meio (…)




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«(…)

BLAM. Au!...?!

Os dois rebeldes: O que é? Não sei!

Legenda do narrador: Alguns segundos mais tarde…

Pombo correio (legenda em surdina): Tal… Talvez seja formidável, este instinto, mas continua a ser impreciso!

Um dos rebeldes: É apenas um idiota de um pombo com um galo na cabeça!

O outro rebelde: Bom, já compreendi, é o pombo do Prabang: deve trazer uma mensagem…

Trá-lo para aqui, depressa!

O primeiro rebelde: O.K. !

O segundo rebelde: É um pombo atrozmente estrábico… É tão vesgo que é incapaz de entrar por uma janela: como vê duas, entra na do meio (…)

O pombo em surdina: Só havia uma janela?!


(…)»


BD. Fournier, As Aventuras de Spirou e Fantásio: O Inspector da Mafia, Lisboa, Trad. Maria Isabel Roseiro, Edit. Publica, 1983, pgs.36 e 37.



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sábado, 19 de março de 2011

Deixe a cadeira sossegada.. se me atirar com ela, ela ricocheteará no mesmo obstáculo e, além disso, poderia aleijá-lo, o que muito me desolaria!






[…]

Com um sorriso sardónico nos lábios, o doutor Septimus está plantado à sua frente…

D.Septimus.: Então, meu caro… fez-lhe bem, esse sono reparador? A propósito: sabia que ressona?...

Mortimer : Hem? O que é que?...

D.Septimus: Agora a sério, meu caro professor. Foi muito amável em ter vindo entregar-se nas minhas mãos, quando eu me preparava para conseguir o mesmo com a ajuda de sábias maquinações…

Bruscamente, Mortimer, furibundo, corre para Septimus, mas…

Mortimer: Canalha !!!...

D.S.: !

Ainda não tinha [Mortimer] dado três passos quando choca contra um obstáculo invisível.

Mortimer: Ooh

D.Septimus: Ah! Ah! Ah! O que acha da minha cortina electromagnética?... Uma pequena invenção minha. É muito prática, como vê, para acalmar pessoas nervosas!...

Mortimer: ?

Mortimer põe-se de pé e, ameaçador, pega numa cadeira. Mas Septimus aconselha-o…

D.Septimus: Deixe a cadeira sossegada.. se me atirar com ela, ela ricocheteará no mesmo ostáculo e, além disso, poderia aleijá-lo, o que muito me desolaria!

[…]

Edgar P. Jacobs, A Marca Amarela
As aventuras de Blake and Mortimer

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